quarta-feira, 18 de maio de 2011

LIVRO DIDÁTICO E A GRANDE IMPRENSA

COMO TUDO O QUE A MÍDIA FICA MARTELANDO MUITO É BOM DESCONFIAR... COLOCO AQUI UM ARTIGO DE QUEM ENTENDE... LEIA...
ASSIM TAMBÉM ESTÃO FALANDO MUITO DA CARTILHA E VÍDEO DO MEC CONTRA A HOMOFOBIA QUE AINDA NÃO FOI APRESENTADA...
TAMBÉM DESISTIRAM DE FAZER PALLOCI O MINISTRO DA FAZENDA E DECIDIRAM QUEIMÁ-LO...
MAS SOBRE ESTES OUTROS CASOS TALVEZ POSTAREI DEPOIS...




POLÊMICA OU IGNORÂNCIA?
DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA
Marcos BagnoUniversidade de Brasília

Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua.Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia páginae saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos doque eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentementeconvencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto poder da informação).Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis nomercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa depetista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos davariação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, temtransformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e osalunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro,com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seumodo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservadaem formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios decomunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro doconjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas emperspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e obranco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter seoriginado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcidocomo “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso dacandidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas maisdistantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa nãosignifica automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los aomundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já fazparte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte dagramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, édever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles – se julgarem pertinente, adequado e necessário – possam vir a usá-laTAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assiti ao filme,que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou trêsgatos pingados).O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em quea defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhedevolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?

sábado, 7 de maio de 2011

OSAMA E OBAMA - por Frei Betto

Estranho que a CIA, ao declarar que assassinou Osama bin Laden, não tenha exibido o corpo, como fez à sobeja com outro “troféu de caça”: Ernesto Che Guevara.

Bin Laden saiu da vida para entrar na história. Até aí, nada de novo. A história, da qual poucos têm memória, está repleta de bandidos e terroristas, cujos nomes e feitos quase ninguém lembra. Os mais conhecidos são o rei Herodes; Torquemada, o grande inquisidor; a rainha Vitória, a maior traficante de drogas de todos os tempos, que promoveu, na China, a Guerra do Ópio; Hitler; o presidente Truman, que atirou bombas atômicas sobre as populações de Hiroshima e Nagasaki; e Stálin.O perigo é que Osama passe da história ao mito e, de mito, a mártir. Sua morte não deveria merecer mais do que uma nota nas páginas interiores dos jornais. No entanto, como os EUA são um país necrófilo, que se nutre de vítimas de suas guerras, Obama transforma Osama num ícone do mal, atiçando o imaginário de todos aqueles que, por alguma razão, odeiam o imperialismo estadunidense.Saddam Hussein, marionete da Casa Branca manipulada contra a revolução islâmica do Irã, demonstrou que o feitiço se volta contra o feiticeiro.Desde 1979, Osama bin Laden tornou-se o braço armado da CIA contra a ocupação soviética no Afeganistão. A CIA ensinou-o a fabricar explosivos e realizar ataques terroristas, movimentar sua fortuna por meio de empresas-fantasmas e paraísos fiscais, operar códigos secretos e infiltrar agentes e comandos.“Bin Laden é produto dos serviços americanos”, afirmou o escritor suíço Richard Labévière. Derrubado o Muro de Berlim, desde 1990 Bin Laden passou a apontar seu arsenal terrorista para o coração de Tio Sam.O terrorismo é execrável, ainda que praticado pela esquerda, pois todo terrorismo só beneficia um lado: a extrema direita. Na vida se colhe o que se planta. Isso vale para as dimensões pessoal e social. Se os EUA são hoje atacados de forma tão violenta é porque, de alguma forma, eles se valeram do seu poder para humilhar povos e etnias.Há décadas abusam de seu poder, como é o caso da ocupação de Porto Rico; da base naval de Guantánamo, encravada em Cuba; das guerras ao Iraque, ao Afeganistão e, agora, à Líbia; da participação nas guerras da Europa Central; da omissão diante dos conflitos e das ditaduras árabes e africanas.Já era tempo de os EUA, como mediadores, terem induzido árabes e israelenses a chegarem a um acordo de paz. Tudo isso foi sendo protelado, em nome da hegemonia de Tio Sam no planeta. De repente, o ódio irrompeu da forma brutal, mostrando que o inimigo age, também, fora de toda ética, com a única diferença de que ele não dispõe de fóruns internacionais para legitimar sua ação criminosa, como é o caso da conivência da ONU com os genocídios praticados pela Casa Branca.Quem conhece a história da América Latina sabe muito bem como os EUA, nos últimos 100 anos, interferiram diretamente na soberania de nossos países, disseminando o terror. Maurice Bishop foi assassinado pelos boinas verdes em Granada; os sandinistas foram derrubados pelo terrorismo desencadeado por Reagan; os cubanos continuam bloqueados desde 1961, sem direito a relações normais com os demais países do mundo, e uma parte de seu território, Guantánamo, continua invadida pelo Pentágono.Nas décadas de 1960 e 1970, ditaduras foram instauradas no Brasil, na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Bolívia, na Guatemala e em El Salvador, com o patrocínio da CIA e sob a orientação de Henry Kissinger.Violência atrai violência, dizia dom Hélder Câmara. O terrorismo não leva a nada, exceto a endurecer a direita e suprimir a democracia, levando os poderosos à convicção de que o povo é incapaz de governar-se por si mesmo.Vítimas inocentes não podem ser sacrificadas para satisfazer a ganância de governos imperiais que se julgam donos do mundo e pretendem repartir o planeta como se fossem fatias de um apetitoso bolo. Os atentados de 11 de setembro de 2001 demonstraram que não há ciência ou tecnologia capaz de proteger pessoas ou nações. Inútil os EUA gastarem trilhões de dólares em esquemas sofisticados de defesa. Melhor seria que essa fortuna fosse aplicada na paz mundial, que só irromperá no dia em que ela for filha da Justiça.A queda do Muro de Berlim pôs fim ao conflito Leste-Oeste. Resta agora derrubar a muralha da desigualdade entre Norte-Sul. Sem que o pão seja nosso, nem o Pai nem a paz serão nossos.
* Frei Betto

BIN LADEN E A ÚLTIMA AVENTURA DO SUPER HOMEM



Bin Laden e a última aventura do Super Homem




Para entender por que agora, justamente agora, nesta data entre todas as outras possíveis, decidiu-se realizar o “justiçamento” de Bin Laden, talvez seja necessário vincular sua morte repentina e desejada com dois acontecimentos aparentemente desconectados que surgiram na semana passada: o anúncio do Super Homem (na sua história n° 900) de que pensava ir às Nações Unidas para renunciar à cidadania norteamericana, e a divulgação pelo presidente Barack Obama da certidão de nascimento que comprova sua nacionalidade estadunidense. Terá sido uma suprema coincidência? O artigo é de Ariel Dorfman.
Ariel Dorfman - Página/12







Pode ser uma suprema coincidência? Ou por acaso tem gato – ou super herói – nesta tuba?Para entender por que agora, justamente agora, nesta data entre todas as outras possíveis, decidiu-se realizar o “justiçamento” de Bin Laden, talvez seja necessário vincular sua morte repentina e desejada com dois acontecimentos aparentemente desconectados que surgiram na semana passada.O primeiro, que causou entre os fanáticos da guerra entre o bem e o mal quase tanta consternação como o assassinato do funesto e lúgubre chefe da Al Qaeda, ainda que menos júbilo, foi o anúncio do Super Homem (na história n° 900 do aniversário que celebra suas peripécias) de que pensava ir às Nações Unidas para renunciar à cidadania norteamericana. O Homem de Aço que, desde sua primeira aparição inaugural na revista Action, em junho de 1938, veste-se com as cores da bandeira estadunidense e age em nome dos valores norteamericanos, chegou a essa decisão tão drástica depois de sofrer críticas do encarregado de segurança do governo estadunidense (um homem negro parecido com Colin Powell) por ter voado até Teerã para demonstrar, durante 24 horas, sua solidariedade com os manifestantes da Revolução Verde que protestavam contra o despotismo de Ahmadinejad e seus partidários.O governo do Irã (na história em quadrinhos, é claro, já que duvido que os aiatolás reais se dediquem a ler dissimuladamente as aventuras de Superman) denunciou esse ato – por silencioso que fosse e motivado pela não violência – como uma ingerência do Grande Satã em seus assuntos internos, quase como uma declaração de guerra. Os autocratas do Irã me desagradam muito, mas não se objetar sua lógica de aceitar as palavras do próprio Homem de Aço que encarna há décadas o conjunto “truth, justice and the American way” (verdade, justiça e o modo americano de vida). De modo que o Super Homem, para poder agir daqui em diante para além das fronteiras nacionais e os interesses circunstanciais de qualquer Estado, se viu obrigado a estabelecer sua independência frente a seu país adotivo. Porque, de fato, o Super Homem não nasceu nos Estados Unidos, mas sim no planeta Krypton, chegando bebê (sem passar por aduanas nem imigração) ao Kansas em uma pequena nave espacial, sendo acolhido neste território, no centro dos EUA, pelos Kent, fazendeiros que personificam personificam precisamente o “american way”. Era Ka-El. Virou Clark Kent.É difícil exagerar a indignação com que este ato audacioso de renunciar à cidadania, esta “bofetada” do Superman, foi recebida pelo povo norteamericano. Eu li blogueiros defendendo seriamente que o novo campeão do internacionalismo fosse deportado para seu planeta de origem (como se fosse um mexicano ilegal), e já circula um abaixo assinado para que os executivos da Time Warner (donos da empresa que comercializa o Super Homem) forcem os autores da história a se retratar. Além disso, vários comentaristas conservadores viram esse insulto do super herói como a prova definitiva da decadência do país mais poderoso da terra: até o ídolo que representa mais universalmente nosso modo de vida está nos dando as costas!.Não sei se o presidente Obama segue atentamente as aventuras do Super Homem (sabe-se que é um fã do Homem Aranha, de cuja origem nova-iorquina não cabem dúvidas), mas alguém deve ter chamado a sua atenção sobre a perda de prestígio que significa a deserção de um tal titã. O que acontece, por exemplo, se o Homem de Aço, guia dos despossuídos, decide fechar Guantánamo ou usar seus olhos de raios X para liberar alguns Super Wikileaks, agora que já deve lealdade à bandeira norteamericana? O que acontece se ele se põe a serviço de uma potência como a China? – ainda que, pensando bem, não haja muita Verdade ou Justiça neste país, de modo que ele seguramente não aceitaria esse tipo de aliança. Em todo o caso, os conselheiros de Obama devem ter lhe explicado que a defecção de Super Homem deveria ser tratada como uma imensa crise cultural e ideológica que inclusive poderia custar a reeleição ao presidente, uma vez que os republicanos já cozinhavam planos para acusá-lo de ter “perdido” o Super Homem (como ocorreu com Cuba ou Vietnã).A resposta de Obama foi genial: ao matar Bin Laden, provava que os EUA não necessitava de um homem musculoso que voa e atravessa paredes para defender-se dos terroristas, pois, para isso, tem helicópteros e tropas especiais como os Seals, computadores e armas – como que não – de aço. Um modo de restaurar a confiança nacional que estava machucada e que dificilmente poderia tolerar outro menosprezo à sua auréola.É claro que, antes de poder realizar aquela operação no Paquistão, Obama tinha que acertar outro assunto, um problema que o rondava há vários anos. Como iria apresentar-se perante o mundo e anunciar o assassinato de Bin Laden em nome dos Estados Unidos se uma insólita porcentagem de seu próprio povo duvidada que seu presidente era, de fato, norteamericano? Como criar o contraste com o trânsfuga Super Homem se Obama mesmo era acusado de ter nascido no estrangeiro, no Quênia, que, como se sabe, está muito mais longe do Kansas do que o planeta Krypton, por mais que os três lugares compartilhem a kafkiana letra K?Isso levou Obama a divulgar, há alguns dias, sua certidão de nascimento, tapando a boca daqueles que o apontavam como um “alien” (alheio, estrangeiro, mas também extraterrestre, outro significativo paralelo entre o presidente e o super herói). Por certo que um conjunto de seus concidadãos segue acreditando que Obama não nasceu em território norteamericano. Insistem que o documento foi flasificado, que o hospital foi subornado e que a mãe (nascida originalmente nada mais nada menos que no Kansas) trouxe o menino de contrabando para o Wawaí, porque sabia que, dali a quarenta e tantos anos, aquele menino mulato seria presidente. Creio que a única maneira desses recalcitrantes aceitarem que Obama nasceu nos EUA seria ele branquear inteiramente a cara e toda a pele. Aí ele já não seria mais um “alien”.Mas, para a maioria de seus compatriotas, Obama conseguiu em uma semana uma verdadeira e tripla proeza. Ao provar que era um presidente legítimo, pode, armado de seu certificado de nascimento e também do exército mais poderoso do globo, eliminar o sinistro inimigo número um dos Estados Unidos. E sem precisar da intervenção do Super Homem.E agora?Agora, proponho uma façanha de verdade: já que a razão pela qual Bush invadiu o Afeganistão era o apoio que os talibãs ofereciam a Bin Laden, não chegou o momento de retirar todas as forças norte-americanas desse país de montanhas e guerrilhas?Estou seguro que o Super Homem, em parceria com as Nações Unidas e esgrimindo seu novo passaporte cosmopolita e global, ficaria feliz em ajudar no transporte rápido das tropas. Seria bonito vermos isso nas próximas aventuras do Homem de Aço, seria alentador que Obama e o Superman – ambos com suas origens no Kansas, ambos menosprezados por serem “estrangeiros” – colaborassem para criar pelo menos um pequeno oásis de paz no mundo onde infelizmente escasseiam hoje tanto a verdade como a justiça.






(*) Ariel Dorfman é escritor. Seu romance mais recente é “Americanos: Los passos de Murieta”.

A VELHA MÍDIA (PIG) E A DEMOCRACIA



LEIA A SEGUIR UM ARTIGO QUE MOSTRA MUITO BEM O PIG, QUE ELE CHAMA DE VELHA MÍDIA E A NECESSIDADE DE UM NOVO CÓDIGO, UMA NOVA LEI PARA OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, E PARA AS CONCESSÕES PÚBLICAS COMO EFETIVAÇÃO DE UMA VERDADEIRA DEMOCRACIA, COISA QUE AS NOVAS MÍDIAS (BLOGS, TWITTERS...) ESTÃO COLABORANDO.






Reproduzo artigo de Emiliano José, publicado no sítio da revista Caros Amigos:




O tema da democratização dos meios de comunicação não é novo no Brasil. Vem sendo levantado há tempos, especialmente por organizações sociais voltadas à garantia dos direitos dos brasileiros e brasileiras, feridos por uma comunicação submetida exclusivamente a um grupo seleto de famílias proprietárias, cujo discurso uniforme não contempla a diversidade cultural, política, social, étnica, de gênero, da sociedade.O problema da comunicação é tão sério no Brasil que não pode ser entregue apenas aos jornalistas, que também compreendem nosso profundo atraso. E por atraso, aqui, leia-se não apenas o monopólio ou oligopólio familiar da velha mídia, mas, também, o fato de termos um Código de Telecomunicações de 1962, prestes a completar meio século – ou seja, anterior ao auge da televisão e da reviravolta gerada na cena midiática com a predominância digital. Não há justificativa para qualquer protelação no enfrentamento do problema.Reforma urgenteSe falamos, e com razão, de reformas urgentes no País, como a reforma política, para a consolidação da vida democrática, todos nós temos responsabilidade de apressar o novo marco regulatório para as comunicações no Brasil. Que não nos rendamos aos argumentos mentirosos da velha mídia que pretende confundir regulação com censura, opor regulação à liberdade de imprensa. Fossem verdadeiros tais argumentos, os países de democracia já consolidada teriam de ser acusados de inimigos da liberdade de imprensa porque a esmagadora maioria deles está submetida a leis de regulação bastante rigorosas.Recente trabalho da Unesco sobre a mídia no Brasil, divulgado de maneira envergonhada pela maior parte de nossa velha mídia, evidencia o que estou dizendo. A regulação, aliás, é que garante a liberdade de expressão e, também, a liberdade de imprensa, segundo o trabalho. Havendo regulação, se democrática como deve ser, haverá necessariamente uma pluralidade de vozes nos meios de comunicação, e não essa espécie de pensamento único a que estamos submetidos atualmente.Não se pretende, claro, uma transformação por dentro da mídia. Ela continuará preconceituosa, elitista, e sempre alinhada com projetos políticos conservadores no Brasil. Tem provado isso. Tem demonstrado coerência, isso ninguém pode ou deve negar. O que se pretende, ao contrário do que dizem os adversários da democratização, é o cumprimento do princípio democrático da máxima dispersão da propriedade, como diria o professor Venício Lima (quem quiser conhecer um pouco da larga visão desse professor, recomendo seu último e notável livro “Regulação das comunicações - História, poder e direitos”, da Editora Paulus).Respeito à ConstituiçãoOs que lutam pelo direito à comunicação pretendem democratizar o acesso aos meios. Isto significa garantir que as rádios comunitárias se expandam pelo Brasil afora, organizadas pela sociedade, por entidades da sociedade civil. Garantir a existência de um sistema público de comunicação, como determina a Constituição, que fala no princípio da complementaridade entre o setor privado, o estatal e o público. Assegurar que não prevaleçam monopólios da mídia, tão evidentes atualmente e já de algum tempo, proibição expressa também pela Constituição de 1988, cujos artigos referentes à comunicação ainda carecem, estranhamente ou compreensivelmente, de regulamentação.Pretendemos garantir que todos os meios de comunicação, inclusive a velha mídia, respeitem os princípios da preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas. Além de promover a cultura nacional e regional e estimular a produção independente, como também, obedecer aos princípios da regionalização da produção cultural, artística e jornalística.E, por fim, que se respeitem, em toda a programação, os valores éticos e sociais da pessoa e da família, conforme está escrito em nossa Constituição e que, há muito tempo, são desrespeitados flagrantemente pela velha mídia.De alguma forma, para além de um novo marco regulatório, a regulamentação da Constituição já seria um passo adiante na ordenação da nossa mídia, já significaria uma nova configuração dos meios de comunicação, uma configuração muito mais democrática.Vejam bem: o que estamos pedindo é o cumprimento do que está estabelecido na Constituição como um dos primeiros passos para a democratização da mídia. Como, por exemplo, colocar em funcionamento o Conselho de Comunicação Social, barrado até agora no Senado. Embora existente, não são nomeados os seus integrantes e não é colocado em prática.A perspectiva de aprovação de um marco regulatório geral para as comunicações se inserem num movimento muito amplo em toda a América Latina. A Argentina, por exemplo, aprovou recentemente uma Lei de Meios, adequando o País às novas circunstâncias, tornando-o contemporâneo dessa era midiática, deixando de se subordinar às velhas mídias e opondo-se aos ditames dos oligopólios. Nós não podemos continuar como se nada tivesse acontecido dos anos 60 do século passado até hoje.Apesar de tudo, há sinais de mudanças, tanto no campo das iniciativas do Estado brasileiro, quanto de impactos decorrentes das novas mídias. No governo Lula, houve a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), a convocação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, além do lançamento do Plano Nacional de Banda Larga e o início de um processo de regionalização das verbas de publicidade oficial, além das primeiras iniciativas estaduais de criação de Conselhos de Comunicação Social no Ceará e na Bahia.Na parte final do segundo mandato do presidente Lula, o ministro Franklin Martins capitaneou um processo de discussão sobre um novo marco regulatório das comunicações. O projeto desse novo marco foi concluído e está nas mãos do ministro Paulo Bernardo. Nossa expectativa é que ele chegue logo à Câmara Federal para que iniciemos uma ampla discussão, envolvendo os parlamentares e todos os setores da sociedade brasileira que tenham interesse no assunto.As novas mídias, impulsionadas e garantidas pela internet, estabelecem o contraponto com a velha mídia. A internet desafia hoje a tudo e a todos. Há a configuração de uma nova sociabilidade, uma nova forma de estar no mundo pelas transformações que ela provoca. O programa que as velhas mídias têm para o Brasil, hoje, enfrenta contrapontos nada desprezíveis, a partir dos tantos blogs, portais que não estão submetidos ao pensamento único da oligarquia midiática. Mas, isso nós não vamos discutir aqui por sua amplitude.No Brasil, as mudanças não são tão rápidas, mas acontecem, e muitas delas só como decorrência da pressão popular, da movimentação social. Só creio em mudanças no campo das comunicações se a sociedade brasileira compreender a importância de fazer valer seu direito à comunicação.Frente do Direito à ComunicaçãoFoi com esta visão geral que lançamos a Frente Parlamentar pela Liberdade de Expressão e pelo Direito à Comunicação com participação popular, no dia 19 de abril, na Câmara Federal. Importante dizer que, além dos mais de 190 parlamentares que subscreveram o manifesto de constituição da frente, houve uma intensa participação de entidades da sociedade civil de todo o País, quase 100 delas, todas interessadas na democratização das comunicações no Brasil.Rendo minhas homenagens, por dever de justiça, à deputada Luiza Erundina, que vem se dedicando a essa luta há muito tempo, e que, por isso mesmo, inclusive por proposta minha, tornou-se coordenadora da frente, com absoluta justiça. Destaco a quase totalidade da bancada do PT, signatária do manifesto de constituição da frente, o deputado Paulo Pimenta, também do PT, autor da chamada PEC do diploma, os deputados Jean Willis, Ivan Valente e Chico Alencar, do PSOL, a deputada Jandira Feghali, do PC do B, e o deputado Brizola Neto, do PDT, dentre tantos que contribuíram para a constituição dessa frente, que tem muito trabalho e muita luta para desenvolver. Não custa repetir: a luta continua.* Emiliano José é jornalista, doutor em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia, escritor e deputado federal (PT/BA).

A MORTE DE BIN LADEN: FEZ-SE VINGANÇA, NÃO JUSTIÇA



Reproduzo artigo do teólogo Leonardo Boff, publicado no blog de Luis Nassif:






Fez-se vingança, não justiça






Alguém precisa ser inimigo de si mesmo e contrário aos valores humanitários mínimos se aprovasse o nefasto crime do terrorismo da Al Qaeda do 11 de setembro de 2001 em Nova Iorque. Mas é por todos os títulos inaceitável que um Estado, militarmente o mais poderoso do mundo, para responder ao terrorismo se tenha transformado ele mesmo num Estado terrorista. Foi o que fez Bush, limitando a democracia e suspendendo a vigência incondicional de alguns direitos, que eram apanágio do pais. Fez mais, conduziu duas guerras, contra o Afeganistão e contra o Iraque, onde devastou uma das culturas mais antigas da humanidade na qual foram mortos mais de cem mil pessoas e mais de um milhão de deslocados.Cabe renovar a pergunta que quase a ninguém interessa colocar: por que se produziram tais atos terroristas? O bispo Robert Bowman de Melbourne Beach da Flórida que fora anteriormente piloto de caças militares durante a guerra do Vietnã respondeu, claramente, no National Catholic Reporter, numa carta aberta ao Presidente: "Somos alvo de terroristas porque, em boa parte no mundo, nosso Governo defende a ditadura, a escravidão e a exploração humana. Somos alvos de terroristas porque nos odeiam. E nos odeiam porque nosso Governo faz coisas odiosas”. Não disse outra coisa Richard Clarke, responsável contra o terrorismo da Casa Branca numa entrevista a Jorge Pontual emitida pela Globonews de 28/02/2010 e repetida no dia 03/05/2011. Havia advertido à CIA e ao Presidente Bush que um ataque da Al Qaeda era iminente em Nova York. Não lhe deram ouvidos. Logo em seguida ocorreu, o que o encheu de raiva. Essa raiva aumentou contra o Governo quando viu que com mentiras e falsidades Bush, por pura vontade imperial de manter a hegemonia mundial, decretou uma guerra contra o Iraque que não tinha conexão nenhuma com o 11 de setembro. A raiva chegou a um ponto que por saúde e decência se demitiu do cargo.Mais contundente foi Chalmers Johnson, um dos principais analistas da CIA também numa entrevista ao mesmo jornalista no dia 2 de maio do corrente ano na Globonews. Conheceu por dentro os malefícios que as mais de 800 bases militares norte-americanas produzem, espalhadas pelo mundo todo, pois evocam raiva e revolta nas populações, caldo para o terrorismo. Cita o livro de Eduardo Galeano “As veias abertas da A.Latina” para ilustrar as barbaridades que os órgãos de Inteligência norte-americanos por aqui fizeram. Denuncia o caráter imperial dos Governos, fundado no uso da inteligiência que recomenda golpes de Estado, organiza assassinato de líderes e ensina a torturar. Em protesto, se demitiu e foi ser professor de história na Universidade da Califórnia. Escreveu três tomos “Blowback”(retaliação) onde previa, por poucos meses de antecedência, as retaliações contra a prepotência norte-americana no mundo. Foi tido como o profeta de 11 de setembro. Este é o pano de fundo para entendermos a atual situação que culminou com a execução criminosa de Osama Bin Laden.Os órgãos de inteligência norte-americanos são uns fracassados. Por dez anos vasculharam o mundo para caçar Bin Laden. Nada conseguiram. Só usando um método imoral, a tortura de um mensageiro de Bin Laden, conseguiram chegar ao seu esconderijo. Portanto, não tiveram mérito próprio nenhum.Tudo nessa caçada está sob o signo da imoralidade, da vergonha e do crime. Primeiramente, o Presidente Barak Obama, como se fosse um “deus” determinou a execução/matança de Bin Laden. Isso vai contra o princípio ético universal de “não matar” e dos acordos internacionais que prescrevem a prisão, o julgamento e a punição do acusado. Assim se fez com Hussein do Iraque,com os criminosos nazistas em Nürenberg, com Eichmann em Israel e com outros acusados. Com Bin Laden se preferiu a execução intencionada, crime pelo qual Barak Obama deverá um dia responder. Depois se invadiu território do Paquistão, sem qualquer aviso prévio da operação. Em seguida, se sequestrou o cadáver e o lançaram ao mar, crime contra a piedade familiar, direito que cada família tem de enterrar seus mortos, criminosos ou não, pois por piores que sejam, nunca deixam de ser humanos.Não se fez justiça. Praticou-se a vingança, sempre condenável. "Minha é a vingança" diz o Deus das escrituras das três religiões abraâmicas. Agora estaremos sob o poder de um Imperador sobre quem pesa a acusação de assassinato. E a necrofilia das multidões nos diminui e nos envergonha a todos.

SILVIO SANTOS E A NOVELA AMOR E REVOLUÇÃO



MESMO CONCORDANDO COM IZAÍS ALMADA, ISTO É, A POSTAGEM A SEGUIR, CONTINOU DEFENDENDO QUE AO MENOS UMA NOVELA ASSIM COMO AMOR E REVOLUÇÃO TEM UM CONTEXTO HISTÓRICO, QUE PARA ALGUNS É UM CONTATO INICIAL E QUE PODE DESPERTAR CURIOSIDADE PARA APROFUNDAR, PESQUISAR, PARA OUTROS É UM REALIMENTAR-SE NA PAIXÃO REVOLUCIONÁRIA... PORTANTO SOMANDO OS PRÓS E CONTRAS É MUITO MELHOR DO QUE A ÁGUA COM AÇUCAR E UMA PITADA DE ALUCINÓGENO QUE A GLOBO NOS OFERECE... CONTINUEM ASSISTINDO...












Reproduzo artigo de Izaías Almada, publicado no blog Escrevinhador:






Quando ouvi dizer que o canal de televisão do senhor Sílvio Santos iria produzir uma telenovela sobre o golpe de 1964, fiquei logo curioso. O SBT?!!! Seria contra ou a favor do golpe? Ou, antes, pelo contrário? A ideia era interessante, mas conhecendo a televisão brasileira… Tinha eu que vencer o preconceito. Afinal, pensei, na pior das hipóteses existiria a possibilidade das novas gerações conhecerem um pouco sobre a nossa ditadura mais recente.Veio a divulgação, a expectativa da estreia, as entrevistas sobre pesquisas, investigações históricas, depoimentos de militares e ex-presos políticos, enfim todo o pano de fundo necessário para, quem sabe, tirar alguns pontinhos do Ibope das emissoras concorrentes. E, claro, justificar a escolha de tema tão delicado e polêmico, mas aliciante para um gênero dramatúrgico de grande empatia no Brasil.Contudo, pensei, o empresário Sílvio Santos, com seu eterno e enigmático sorriso, não é diferente de outros empresários na área da comunicação social, quer em jornais, revistas, rádio, televisão e a atual coqueluche mundial: a internet e sua rede social. À exceção de alguns sites e blogs dessa última forma de comunicação, todas as outras mencionadas, quer no Brasil e mesmo no mundo, na sua maioria pertencem a grupos que têm dado provas mais do que evidentes de serem apenas porta vozes de interesses corporativos próprios ou de seus principais anunciantes. Até aí, nenhuma novidade, pois essa é a chamada regra do jogo. E para aqui a ética não foi chamada, ou melhor, foi abandonada.É sabido que no Brasil o grande mercado televisivo se alimenta dos horários distribuídos entre as telenovelas, os jogos de futebol, os telejornais e os programas de auditório, onde se despejam as grandes verbas publicitárias. Como jogos de futebol e programas de auditórios se nivelam pelas paixões mais comezinhas e deixam a desejar quanto a formar a opinião política dos cidadãos, é na área do telejornalismo e da telenovela que a porca torce o rabo, como diria meu velho pai… Aqui, sim, não dá para tapar o sol com a peneira.No jornalismo, apesar de tudo, ainda se encontram alguns bolsões de dignidade e de profissionais que se mantêm dentro da prática de um jornalismo investigativo de qualidade, com a apresentação de questões relevantes nas ciências, nas artes, na política, ou que apresentam denúncias baseadas em fatos que as comprovam, na tentativa de ouvir os dois lados de uma questão, na busca do contraditório, etc. Não muitos, como seria desejável, mas existem. E quanto às telenovelas?“Amor e Revolução” é uma novela maquiada de imparcialidade para falar de um período bastante difícil e controverso da política contemporânea brasileira. Caricata e mal feita, quer à direita e à esquerda do espectro político. De repente, a tal geração, para a qual a novela procuraria mostrar o que foram os “anos de chumbo”, desinformada que é, e pelo que se viu até agora, ficará dividida mais uma vez entre “torcer” para os bons contra os maus. Mas para muitos personagens, como o general Lobo Guerra e os policiais torturadores, ou mesmo alguns dos depoentes finais, os maus são os comunistas, que queriam transformar o Brasil numa China, União Soviética ou Cuba… E agora?Qual o sistema econômico ideal, o regime político ideal? Já que se criou ao longo dos tempos a falsa dicotomia que identifica ditadura com fascismo e/ou comunismo e democracia com capitalismo, a resposta – para muitos, óbvia – será democracia e capitalismo. Mas qual democracia? A democracia do poder econômico? A democracia onde a justiça é realmente cega? A democracia que favorece a especulação financeira no lugar da produção? A democracia que ignora a justiça social? A democracia que tolera a impunidade e a corrupção?Acabei, por fim, decifrando o enigma. No seu programa dominical do dia 24 de abril, o senhor Sílvio Santos – contando com a presença de uma atriz mirim da novela – expressou a sua opinião como cidadão, artista e empresário. Considerou ele que a novela deveria ter mais amor e menos revolução, isto é, mais beijos e menos cenas de tortura. Dirigindo-se à pequena atriz que participava do programa, SS arrematou: “Se você vivesse no comunismo, hoje teria que dividir o seu apartamento com mais de 20 pessoas”.Agora entendi a novela do SBT: se não fossem os militares à maneira do general Lobo Guerra e os policiais à imagem dos personagens Fritz e do delegado Aranha livrarem o Brasil do comunismo à custa de torturas, prisões, desaparecimentos, cassações de mandatos, fechamento de sindicatos e entidades estudantis, censura à imprensa, tudo isso com o apoio de empresários brasileiros e da embaixada norte-americana no Brasil, nós hoje seríamos um país onde o próprio Sílvio Santos teria que dividir sua mansão no Morumbi provavelmente com 20 desses miseráveis da periferia. Pasmem.E com certeza, muitos desses miseráveis compraram carnês do Baú da Felicidade.